
O licuri, nicuri, dicuri, adicuri, ouricuri, alicuri, licurizeiro, urucuri, dentre outros nomes atribuídos à palmeira nativa da Caatinga “Syagrus coronata”, é produzido nas regiões da Bacia do Jacuípe e do Piemonte da Diamantina e virou uma estrela na praça de alimentação sustentável montada na Semana Latino-Americana e Caribenha sobre Mudança do Clima, sediada em Salvador.

A Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (Coopes), que montou um stand na praça de alimentação da Semana do Clima, possui 200 cooperados. Durante o período de coleta, entre janeiro e maio, há a compra na mão das cooperadas, que são as quebradeiras de licuri.
O licuri deve ser seco ao sol durante uma semana e, para retirar a amêndoa, há a quebra do fruto com uma pedra. As amêndoas são retiradas, selecionadas, ensacadas e levadas à cooperativa, onde são congeladas ou torradas. Os produtos do licuri são produzidos sem conservantes ou agrotóxicos.
“A palmeira é uma planta nativa que é importante porque é encontrada naturalmente na natureza e é oriunda do agroextrativismo, que é um sistema com princípios ecológicos, sociais, ambientais, econômicos, políticos, culturais e éticos.. Então é importante porque as famílias, a maioria em vulnerabilidade social, fazem aquele manejo natural e podem comercializar na safra e ajudar na sua renda. Elas ainda preservam o patrimônio natural da Caatinga”, disse Renata Silva, gerente comercial da Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina.
A cooperativa comercializa a amêndoa para outras cidades do Brasil, como São Paulo, Curitiba, Brasília e uma cidade de Minas Gerais. O licuri também é enviado para diversos restaurantes de Salvador. A Coopes faz parte de uma rede de cooperativas que trabalham em parceria. O licuri é fornecido, por exemplo, para a Bahia Cacau, que faz um bombom com licuri dentro, que também estava disponível na Semana do Clima. Os produtos comercializados no stand da Coopes na Semana do Clima variaram de R$ 10 a R$ 60, são fontes de energia e de nutrientes como zinco, vitamina B5, cálcio e ferro.
“A receptividade do produto é maravilhosa. Temos um mercado bom e, quanto mais apresentamos o licuri, mas os clientes se interessam na matéria-prima. Inclusive existem diversos pratos da alta gastronomia que possuem o licuri como ingrediente, como, por exemplo, uma farofa de licuri e um drink feito com o fufu, que é a paçoca do licuri”, contou Renata Silva.
Gabriela Dantas, que trabalha no restaurante Ar Gastronomia, localizado no Rio Vermelho, é uma das pessoas que comercializam o licuri com a cooperativa. “Nosso chef de cozinha é da região da Caatinga e tem uma intimidade com os produtos. Os turistas ficam bastante encantados e sentem uma diferença muito grande da culinária com o licuri porque eles não têm nenhuma referência próxima. O óleo de licuri, por exemplo, tem uma sutileza muito grande e fica muito bom”, disse.
O fruto também tem uma questão afetiva muito forte para as pessoas da Caatinga. É o caso da vendedora e criadora de abelhas sem ferrão Anita dos Santos, de 59 anos. Ela conta que, na sua infância, além de brincar com seus amigos, também se juntava com eles para comer o licuri.
A gente vai no chão e encontra os maduros. Pegamos uma pedrinha, colocamos ela no chão, pegamos outra pedra, quebramos o fruto e tiramos a amêndoa. A gente juntava tudo em uma vasilha e comia ali mesmo. Tem gente que até cozinha para ser mais fácil na hora de quebrar, mas a gente comia do pé mesmo”, lembra.
O "rosário de Licuri" lembra mesmo um rosário cristão, de orações. Uma diferença os separa, no entanto: enquanto no rosário cristão as contas significam orações, o rosário de Licuri é comestível. O colar fica no pescoço e, de lá mesmo, as pessoas comem a amêndoa. "É um gostinho especial. As pessoas queriam o tempero do suor de quem ia colher o licuri. Isso era muito importante na nossa infância, era a nossa Cacau Show", brincou uma participante da Semana do Clima que não quis se identificar.
O Licuri*:
Características da espécie
O licuri é fruto do liculizeiro, uma palmeira da Caatinga. Seus pequenos e abundantes frutos que quando maduros apresentam polpa que variam do amarelo claro ao laranja. O licuri tem cheiro e sabor parecidos com o coco seco mais comum, sendo um pouco mais duro e fibroso.
O licuri é fruto do liculizeiro, uma palmeira da Caatinga. Seus pequenos e abundantes frutos que quando maduros apresentam polpa que variam do amarelo claro ao laranja. O licuri tem cheiro e sabor parecidos com o coco seco mais comum, sendo um pouco mais duro e fibroso.
Área de produção
Regiões da Bacia do Jacuípe e do Piemonte da Diamantina, na Bahia.
Regiões da Bacia do Jacuípe e do Piemonte da Diamantina, na Bahia.
Produtores
120 mulheres de 30 comunidades.
120 mulheres de 30 comunidades.
Coleta
Ocorre em caráter extrativista. A safra é entre janeiro e maio, havendo uma pequena produção ao longo dos outros meses. São cortados os cachos do fruto, colocado em cestos e levados para as residência das licurizeiras.
Ocorre em caráter extrativista. A safra é entre janeiro e maio, havendo uma pequena produção ao longo dos outros meses. São cortados os cachos do fruto, colocado em cestos e levados para as residência das licurizeiras.
Processamento
O fruto é seco ao sol por cerca de uma semana seguido da quebra do fruto com uma pedra, retirada da amêndoa, seleção das amêndoas adequadas, ensacamento e por fim é levado à Cooperativa onde é congelado ou torrado.
O fruto é seco ao sol por cerca de uma semana seguido da quebra do fruto com uma pedra, retirada da amêndoa, seleção das amêndoas adequadas, ensacamento e por fim é levado à Cooperativa onde é congelado ou torrado.
Manejo
A adubação ocorre apenas pelas palhas secas e frutos que cobrem o solo. Há alguns cuidados como a retirada manual de cupins quando são identificados. Outro animal que preda o fruto é o morotó, como é conhecida a lagarta de um besouro que põe ovos no fruto. O morotó também faz parte da cultura alimentar local.Fonte/correio da Bahia
A adubação ocorre apenas pelas palhas secas e frutos que cobrem o solo. Há alguns cuidados como a retirada manual de cupins quando são identificados. Outro animal que preda o fruto é o morotó, como é conhecida a lagarta de um besouro que põe ovos no fruto. O morotó também faz parte da cultura alimentar local.Fonte/correio da Bahia
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