Os 32 idosos estudaram na mesma turma do Colégio Estadual João Florêncio Gomes, que deu lugar ao Colégio da Polícia Militar, na Ribeira

No total, 32 alunos que concluíram o 3ª Ano Colegial em 1969 fizeram questão de participar do café da manhã marcado para comemorar os 50 anos de formatura da turma. Todos têm hoje entre 67 e 70 anos. Alguns ali tinham cinco décadas que não se viam. Juntos, eles participaram de uma aula magna para simbolizar o momento histórico.
A aula da saudade trouxe emoção aos hoje engenheiros, dentistas, advogados, economistas, médicos e empresários. Registrando tudo com uma câmera, Gilson Leal, 67 anos, era um dos mais felizes. Sempre foi conhecido por captar os grandes momentos. É dele o acervo de fotos antigas da turma abaixo. “Essa escola era fantástica. Passei logo no primeiro vestibular”, lembra Gilson, que se formou engenheiro em 1974 e em Direito em 1991.
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Gilson Leal guarda até hoje fotos da turma
(Acervo pessoal) |
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Gilson Leal guarda até hoje fotos da turma
(Acervo pessoal) |
Em um passeio pelas dependências do colégio, os antigos alunos relembraram o quanto o Florentino Gomes lhes serviu de base para uma vida inteira. “Foi essa escola que nos deu régua e compasso. É muito bom estar aqui relembrando o lugar e as pessoas. Um povo sem memória não tem história”, concordou Genésio Seixas Souza, de 68 anos, que enveredou pela vida acadêmica das letras vernáculas.
Genésio Seixas Souzae é professor doutor em Letras (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) |
Estamos falando de estudantes de um tempo que as escolas públicas tinham um ensino considerado tão bom ou melhor que as particulares. Não à toa, eles se mostraram muito orgulhosos de terem superado na época instituições como os colégios Antônio Vieira e Maristas.
“A aprovação da nossa turma no vestibular foi maior do que as particulares”, lembra o hoje economista Carlos da Silveira, o Carlinhos (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) |
Todos os ex-alunos usavam um cordão com o distintivo da instituição no pescoço e as iniciais JFG. Um dos organizadores do café da manhã histórico, Carlinhos reclamou que o grande escudo que tinha na frente do prédio foi retirado. “Eles poderiam ter mantido o escudo na fachada. Talvez valesse a pena rever isso e fazer uma homenagem à instituição pioneira deste lugar”, sugeriu Carlinhos.
Professora
O mais impressionante nem foi o encontro da turma 50 anos depois, mas a presença de uma das professoras da época. Argelina Barreto Coutinho, de 84 anos, professora de Literatura e Língua Portuguesa, era cumprimentada com emoção por todos. Revivendo aqueles tempos, ela comandou a aula magna em que fez a interpretação do poema Tecendo e Manhã, de João Cabral de Melo Neto.
O mais impressionante nem foi o encontro da turma 50 anos depois, mas a presença de uma das professoras da época. Argelina Barreto Coutinho, de 84 anos, professora de Literatura e Língua Portuguesa, era cumprimentada com emoção por todos. Revivendo aqueles tempos, ela comandou a aula magna em que fez a interpretação do poema Tecendo e Manhã, de João Cabral de Melo Neto.
Argelina Barreto Coutinho, de 84 anos, era professora deles na época
(Foto: Evandro Veiga/CORREIO) |
“A senhora se lembra de mim? A senhora era a única pessoa que me chamava de Eduardo José”, disse o engenheiro Eduardo José de Almeida Pottes, 67 anos, segurando com firmeza a mão da professora. Professora Argelina era rigososa. Aliás, “muito rigorosa”, corrigiu Carlinhos. “Ela botava pra quebrar”, disse. Estava o tempo inteiro na escola. “Eu vivia aqui! Chegava de manhã e saía de noite”, lembra.
(Foto: Evandro Veiga/CORREIO)
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Argelina ficou conhecida por implantar práticas pedagógicas do ensino superior no ensino científico, como também se falava na época. Ninguém melhor do que ela e seus alunos para explicar porque uma escola pública conseguia se diferenciar a ponto de ser uma das mais exaltadas da cidade. “Compromisso! Os professores não misturavam os problemas com a nossa missão. Nosso papel é superar tudo para que eles aprendam”, ensina a professora. Fonte/Correio24horas.
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